A maioria das pessoas reclama muito quando precisa “renovar atestado” para academia. Apesar de não haver lei federal que obrigue q apresentação de atestado para freqüentar academias, existe legislação em alguns estados, como é o caso do Rio de Janeiro. Mas, imaginando que esta legislação não existisse, ainda assim o atestado seria importante? A resposta é sim. Vamos entender os motivos.
O primeiro ponto a ser entendido é que o atestado não é simplesmente um pedaço de papel capaz de cumprir uma exigência burocrática. O atestado adequado deve ser emitido como conclusão de uma consulta médica chamada “avaliação clínica pré-participação”, idealmente realizada por médico especialista em medicina esportiva. Esta avaliação tem como proposta identificar, ou pelo menos aumentar, a suspeita de doenças cardiovasculares que sejam incompatíveis com a realização de atividades físicas.
Apesar de exercício físico realizado com freqüência ser bom para a saúde, é importante entender que enquanto realizamos exercícios, as exigências sobre o coração são maiores. Durante o exercício a frequência cardíaca (número de batimentos por minuto) aumenta, a pressão arterial aumenta, as necessidades de oxigênio do coração também aumentam. É neste período que existe maior chance de ocorrência de arritmias, infarto, e a temida morte súbita. Para ficar mais claro, imagine que você tem um carro velho, que vive dando defeito. Você pode até utilizá-lo para pequenos deslocamentos, mas não vai programar uma viagem longa com ele. Traçando um paralelo onde o exercício físico é este deslocamento e o coração o carro velho, pode existir a situação em que você foi avaliado e sabe que a atividade física foi contra-indicada até que o motor esteja em melhores condições. Porém, digamos que este carro só seja usado para pequenos trajetos e nunca tenha dado problema, apesar de não ser tão novo assim. Um belo dia, sem fazer revisão nenhuma, nem consultar seu mecânico, você resolve fazer uma viagem e enguiça no meio do caminho. É o que pode acontecer com quem faz atividade física sem avaliação médica adequada.
Assim, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o objetivo principal da avaliação pré-participação não é obter o atestado, mas sim prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e ocorrência de morte súbita por meio da proibição temporária ou definitiva da realização de atividades físicas ou do tratamento de condições que possam ser potencialmente fatais e desencadeadas pelo exercício físico. Particularmente, acredito que a avaliação pré-participação tenha um caráter menos proibitivo, e mais de orientação, detectando e orientando limites (se existentes) para a prática saudável e segura de atividade física.
A American Heart Association, a European Society of Cardiology, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte concordam que todos os atletas profissionais e os indivíduos que não são profissionais, mas que realizam exercícios de alta intensidade devem passar por avaliação médica periódica incluindo consulta clínica e alguns exames, como o eletrocardiograma. Alguns indivíduos realizam atividades de baixa e moderada intensidade, em áreas externas (como por exemplo, caminhar na praia) onde não são exigidos atestados. Ainda assim, a avaliação médica seria indicada antes que fossem iniciadas atividades físicas. Na impossibilidade de consulta médica, é importante que cada indivíduo ao menos realize uma auto-avaliação como o questionário canadense PAR-Q mostrado abaixo. Se qualquer das perguntas deste questionário tiver como resposta o “SIM”, é imperativo que um médico seja consultado antes que se inicie atividade física.
Fonte: http://cardiologiadoesporte.com.br/saude/por-que-precisamos-de-atestado-para-frequentar-academia/
